Jose Lemos
Neste ano a nossa capital completará quatrocentos anos. Por esta razão achei por bem, neste, e no próximo sábado, trazer algumas sugestões para serem pensadas e discutidas, objetivando o seu planejamento urbano de médio e longo prazo. Não podemos mais conviver com o caos urbano que se instalou em São Luis. Pode ser que as idéias que colocarei sejam inconseqüentes, mas mesmo assim achei que valeria a pena expô-las. Afinal essa é a minha cidade e que me preparou para o mundo. Mesmo não morando nela, sinto-me na obrigação de zelar e de pensar no seu futuro.
São Luis chega ao final da primeira década deste milênio com mais de um milhão de habitantes. O crescimento descontrolado da sua população aconteceu de forma mais acentuada nas três últimas décadas. Fato que pressionou os serviços, já difíceis de serem administrados na capital do estado.
Não obstante todo o potencial em recursos naturais de que é dotado, o Maranhão não consegue resolver o problema crucial do desenvolvimento rural. E o não desenvolvimento rural provocará, inexoravelmente, o caos urbano. Sem ter o que fazer nas áreas rurais, expulsos por não disporem de terras em quantidade e em qualidade suficiente, por não disporem de recursos e de assistência técnica para viabilizarem as atividades agrícolas, os agricultores são forçados a abandonar tudo e migrar para as cidades.
São Luis, como tantas outras cidades brasileiras, é o escoadouro dessa massa que emigra desordenadamente, imaginando que pior do que estava não pode ficar. Essa gente não tem qualquer habilidade para exercer as atividades que aparecerem. Se aparecerem! Como conseqüência se aboleta nas periferias, nas palafitas, nas submoradias. Locais em que não será alcançada pelos serviços de saneamento, água encanada, energia elétrica, transporte, coleta de lixo, saúde e, o mais importante de todos: escola para os filhos. Resultado: ficará pior do que estava nas áreas de origem. Mas não pode mais voltar porque sabe que lá não tem o que fazer. Um doloroso dilema.
Um dos problemas maiores que São Luis enfrenta, e que decorre dessa migração desordenada, é a mobilidade urbana. A qualquer hora, em qualquer dia, é muito complicado o deslocamento para qualquer direção na cidade. Necessita-se, com urgência, de um plano para desafogar o trânsito dessa cidade.
Temos que ter urgentemente transporte de grandes massas urbanas. Precisamos encontrar um transporte ágil, seguro, que faça os donos de carros particulares deixarem-nos nas garagens e sentirem que é mais confortável, menos estressante e mais barato usarem transporte coletivo. Os ônibus urbanos, sozinhos, não dão conta disso. Todos já sabemos.
Precisamos construir, com urgência, um metrô de superfície em São Luis. Um metrô com trens urbanos modernos, velozes, confortáveis e seguros que circulem por locais estratégicos da cidade, que conduza, de uma só leva, milhares de pessoas, indo e vindo.
Sabemos que o investimento nesta via de transporte é elevado. Os custos estão muito associados com a necessidade de escavações para fazer túneis, terraplanagem, indenizações de famílias que estejam na rota das linhas do metrô, dentre outros.
Todos esses custos não existiriam se o metrô fosse construído sobre o leito onde circulava o antigo trem da RFFESA, pelo que se chamava então de “Estrada da Vitoria”. O leito está lá. Tudo plano. Os túneis já existem. /Eu pensei numa linha dupla (ida e vinda) ligando o centro de São Luis, onde era a estação original da RFFSA, seguindo até Santa Rita, que ajudariam a desafogar o inicio da tumultuada BR 135.
Os investimentos que poderiam ser feitos via parceria publico privada, incluiriam: aquisição dos trens, reposição dos trilhos, construção de grandes estações de escoamento situadas em locais estratégicos. Uma delas, por exemplo, ficaria próxima ao Aeroporto do Tirirical. Ali seria construído um grande terminal que seria a um só tempo: rodoviário, ferroviário e aeroviário. Isso incrementaria o turismo, na medida em que daria segurança aos turistas se deslocarem do aeroporto para o centro da cidade a um custo bem mais baixo.
/Ao longo da linha seriam construídas estações de passageiros, onde haveria também terminais de ônibus conectados, de tal sorte que as pessoas pagassem apenas uma passagem que lhes daria o direito de usar os dois serviços. Nessas estações seriam construídos enormes estacionamentos para automóveis e para bicicletas, de tal sorte que os donos de carros particulares poderiam deslocar-se até essas estações, deixarem os carros com segurança, e seguir para os seus afazeres. Acho que com esta iniciativa já seria dado um grande passo para tornar a cidade de São Luis mais humana e menos estressante.
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*Publicado em 24/03/2012.