José Lemos
Nos dois penúltimos sábados apresentei algumas sugestões para reflexão dos leitores deste jornal acerca de idéias que formei e que, na minha modesta avaliação, poderiam ser de utilidade no debate para tornar a nossa capital mais humana. Preparei um texto síntese daquelas idéias que deveria ter sido publicado no sábado passado. Devido aos problemas técnicos na Editoração do Jornal, o artigo apenas foi publicado na última terça-feira, 10 de abril. Por esta razão, e por ser o tema de relevância estratégica, resolvi retomá-lo. Precisamos debater o futuro da nossa cidade. Este ano do seu quarto centenário tem uma áurea natural para a meditação. Fica a sugestão para as Universidades, CREAA, CORECON, OAB, encabeçarem um grande debate.
Para tentar contornar o problema do caos do trânsito em São Luís, uma das minhas sugestões é a construção de um metrô de superfície, aproveitando o leito onde trafegavam os trens da antiga RFFSA, dentro de São Luis até Santa Rita. A idéia de aproveitar aquele leito é porque reduziriam, de forma substancial, as despesas de construção de um equipamento assim que tem, nas escavações, construções de túneis, terraplanagens, algumas das maiores despesas. Neste caso já estariam superadas.
Seriam construídas em torno de dez a quinze grandes estações com terminais de ônibus urbanos e imensas áreas de estacionamento, para estimular os proprietários de carros a deixarem-nos, com segurança, e se deslocarem para o trabalho no veiculo de transporte de massas, que deve ser seguro, rápido, confortável, barato e integrado.
Os atuais empresários do setor de ônibus urbanos poderiam ser parceiros do setor publico na construção do projeto. As linhas de ônibus mudariam de concepção. Não mais conectariam bairros ao centro da cidade. Ligariam os bairros às estações de metrô. Dessa forma evitariam que muitos ônibus se deslocassem simultaneamente, rumo ao centro da cidade provocando congestionamento e lentidão no transito.
A estação rodoviária seria transferida para Bacabeira ou Santa Rita. Com isso os ônibus interestaduais e intermunicipais não mais circulariam na capital. De quebra essa transferência impulsionaria o surgimento de atividades como as hotelarias, restaurantes, bares, feiras no município para onde fosse transferida, com evidentes impactos no nível de empregos no setor de serviços, reduzindo a pressão demográfica sobre a capital.
Aproveitando a estrutura da Vale do Rio Doce, a linha férrea se estenderia até Miranda. Ali seria construído um enorme terminal de descarga. Os caminhões deixariam as suas cargas para ser removidas para o complexo do Itaqui através de comboios que teriam freqüência e capacidade compatíveis com os volumes a serem transportados. Para forçar os donos das cargas deixarem-nas naquele terminal, seria cobrado um pedágio àqueles que insistissem em entrar na capital. Pedágio que seria pago na ponte da Estiva e teria valor bem superior ao custo de transporte da carga através do trem, naquele resto de percurso.Tendo garantia, segurança e custo menor, óbvio que os donos das cargas iriam preferir o serviço, poupando motoristas e a população da cidade de ter tráfego pesado, sobretudo no perigoso corredor de Perizes.
Claro que esse terminal de descargas não impediria a duplicação da BR135 entre São Luis e Miranda. Essas duas iniciativas: duplicação da rodovia e terminal de descargas em Miranda, já reduziria, em muito, a pressão sobre o trafego entrando em São Luis, com redução acentuada no número de acidentes e do estresse na cidade.
Aos viadutos da COHAMA e da COHAB seriam construídas e anexadas alças de escape, para acabar de vez com aquelas “preferenciais” que são as causas dos engarrafamentos que acontecem por ali. Uma das áreas mais problemáticas de São Luis.
Foi também sugerida uma discussão para o reordenamento urbano de São Luis, com a destinação das calçadas para os pedestres. Proibição de estacionamento sobre as calçadas e também que elas deixem de ser extensões de bares e restaurantes. Eliminação da poluição visual e sonora da cidade.
Construção de logradouros públicos para o lazer. Resgatar aqueles do centro da cidade. São Luis não tem lugar seguro para fazer caminhadas, correr, namorar, jogar conversa fora. É essencial para a qualidade de vida de uma população, ter lugares onde a cidade pulsa. Convocar os Professores do curso de Agronomia da UEMA para elaborarem um amplo projeto de arborização da cidade com fruteiras. Isso contribui para amenizar a sensação térmica, e proveria frutos gratuitos para a população carente.
Finalmente sugerimos a construção de um Jardim Botânico, Horto, Bosque ou Parque, na reserva de Itapiracó. Uma imensa área verde, mas que atualmente é depósito de lixo e refugio de urubus. Ali poderia ser feito um equipamento que seria, a um só tempo, espaço de lazer e de difusão de conhecimentos. Uma área lúdica, com trilhas para caminhadas, laboratórios, biblioteca, espaço para palestras, conferencias, discussões temáticas. Algo parecido poderia ser feito no que restou da reserva do “Rangedor”, depois que foi colocado o prédio da Assembléia Legislativa naquela reserva. Seria uma forma dos Deputados se redimirem, parcialmente, junto à população que os elegeu. Ficam e as sugestões com espírito de provocações.
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*artigo publicado em 14/04/2012.