José Lemos*
Os atuais detentores do poder, acuados por uma avalanche de escândalos “como nunca se viu antes nesse (sic) país”, teimam em mostrar, via propaganda paga com o nosso suado dinheiro, que está havendo um complô da “elite branca e de olhos azuis” contra eles. E o fazem porque está incomodada (segundo eles) com os avanços sociais que o Brasil teria experimentado sob a égide das suas administrações.
Segundo eles, os pobres brasileiros nunca tiveram saltos de qualidade tão expressivos na vida, como nos últimos anos. Essas informações, de tão batidas, tem ressonância até em veículos de comunicação e em analistas de posições mais críticas.
Essa estratégia chegou a repercutir externamente. A séria revista “The Economist”, equivocadamente, fez uma matéria especial, com direito a chamada de capa, enaltecendo o vigor da economia brasileira e os tais avanços sociais. Quando aquela edição foi publicada o escândalo do “petrolão” já contaminava os bastidores desse governo, como saberíamos agora. Obama, o Presidente Americano referendou o então Presidente falando “This is the Guy” (“este é o cara”). Estava dada a senha que faltava para que o séquito de seus bajuladores superlativassem aquele infeliz comentário, para propagarem que no Brasil tínhamos um “estadista” reconhecido mundialmente e que o Brasil era potencia de fato, não mais emergente. O Presidente vaidoso, claro, se achava o máximo. Iria “exportar” o modelo petista de governar. Obama, Angela Merckel e tantos outros dirigentes, teriam que aprender com ele.
Tanto que depois daquele evento com Obama ele se “danou” a tirar do colete projetos megalomaníacos, sem qualquer planejamento, fundamento teórico, empírico, tecnológico, cientifico, humanitário, social, econômico, ambiental…Nada. As tais refinarias Premium Um e Dois, em São Luís e em Fortaleza. A de São Luís seria um exemplo para o mundo. O Maranhão finalmente iria ser catapultado para fazer inveja aos paulistas de tanta riqueza e progresso. O Ceará não ficaria por menos. Em Pernambuco já havia a “Abreu e Lima” iniciada com a “parceria” de Hugo Chavez que jamais desembolsou um centavo. Era o Nordeste, finalmente, se “sudestitizando”. Uma propaganda muito parecida com as dos milicos no poder: “Ninguém segura este País!”.
Cinco anos, muitas denúncias, comprovações de escândalos, propinas, duas eleições ganhas por seus aliados no Maranhão, Ceará, Brasil e mais de dois bilhões de reais torrados depois, chega-nos a informação de que as tais refinarias eram de mentirinha. Jamais estiveram nos planos reais de expansão da Petrobrás. Não tinha como elas serem implantadas porque seriam gigantescos “elefantes brancos”. E tudo ficou por isso mesmo. Para os brasileiros, claro. Porque os amigos maranhenses ficaram mais quatro anos no poder, assim como os do Ceará e a candidata sacada sob medida.
E “quedê” (como dizemos no Maranhão) os alegados avanços sociais que teriam beneficiado os pobres brasileiros, sobretudo nordestinos? Vamos ficar nos indicadores mais dramáticos. Os de educação. Em 2009 os analfabetos brasileiros maiores de quinze anos somavam, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 13.335.390. Em 2013 aconteceu, às avessas, o milagre da multiplicação dos pães. Os analfabetos brasileiros, daquela faixa etária, haviam acrescido de 469.840, saltando para 13.805.230. Deste total de “beneficiados pelas políticas sociais” do governo de plantão, um contingente de 7.730.176 está no Nordeste, a região que, proporcionalmente, mais voto deu para eleger a Presidente.
Contudo, há um dado mais estarrecedor do que este. No Brasil, que essa gente governa há dolorosos doze anos, o que é ruim sempre pode piorar. Em 2010, segundo o Censo Demográfico do Brasil, havia 110.102.321 brasileiros com idade igual ou superior a 25 anos. A força de trabalho economicamente ativa. Desse total, exatos 54.142.643 (49,2%) eram analfabetos, ou não tinham concluído o nível elementar. Como é possível falar em avanço social com indicadores como esses? Está nesse grupo, praticamente o total da população que recebe as transferências feitas pelo Governo, sob forma das Bolsas de qualquer coisa, financiadas com o nosso suor.
A inflação, a pior inimiga de todos, mas que afeta de forma muito mais dramática os mais pobres, que não tem qualquer mecanismo de proteção, voltou com apetite incrível. Devido, justamente, às irresponsabilidades fiscais e às politicas de desoneração seletivas feitas pela Presidente que colocaram mais carros nas já congestionadas vias brasileiras, infernizando a vida de todos, mas, principalmente de quem anda de transporte coletivo: os pobres. O PIB estagnado irá produzir desempregados. E quem primeiro perde posto de trabalho são os trabalhadores de menor qualificação, leiam-se, os pobres. As políticas de ajuste fiscal propostas pelo atual Ministro da Fazenda impõem “tarifaço” sobre as contas de energia, água, combustível que encarecem indiretamente o custo dos alimentos. Quem são os mais penalizados? Os pobres. Os cortes de gastos na educação piorarão os indicadores que foram mostrados neste texto. Os na saúde conseguirão tornar pior o atendimento nos postos, onde os pobres são atendidos. Estes são os avanços sociais que eles alardeiam de forma distorcida nas propagandas pagas regiamente com o nosso dinheiro. Acorda Brasil!
*Artigo publicado em O Imparcial do dia 25/04/2015