José Lemos
Os dias 3 e 4 de março deste ano da graça de 2016 são para jamais ser esquecidos. Nesses dois dias aconteceu um tsunami político no Brasil. Não foi a “marolinha” que o então inimputável ex-presidente classificaria eventos assim. Desta vez, finalmente, os abalos provocados pela avalanche de noticias oriunda das investigações feitas pelo Ministério Público e pela Policia Federal alcançaram diretamente Lula, sua família e pessoas que lhe são bastante próximas, como Paulo Okamoto, uma espécie de faz tudo do ex-presidente.
As más noticias, para os lados dos detentores do poder, começaram cedo com a circulação da Edição da Revista Istoé que mostra o que seriam partes da “colaboração premiada” do Senador, também investigado, Delcidio do Amaral. Ele que foi preso estando em exercício da liderança do Governo no Senado e que tem informações privilegiadíssimas, por ter estado bem próximo dos poderosos e ter participado de decisões confidenciais, segundo o que está na revista, que mostram o envolvimento nada republicano tanto da atual como do anterior Presidente da República.
Ainda nesta quinta-feira o IBGE divulgou os dados oficiais em relação ao desastre do que foi o desempenho do PIB brasileiro em 2015. Um recuo de 3,8%. Resultado que não acontecia desde o Governo Collor. Um recuo que apenas não foi pior porque o setor agrícola conseguiu segurar a avalanche.
Pior do que o recuo no PIB apurado pelo IBGE foi a regressão nos investimentos produtivos. Isto significa que num horizonte de curto e de médio prazo, a crise econômica continuará e teremos mais noticias ruins neste setor nos próximos anos. Ainda há o condimento de uma inflação anualizada de dois dígitos coisa que os brasileiros menores de trinta anos não conheciam ainda.
PIB em retrocesso significa queda da produção generalizada do País e isto repercute diretamente no mercado de trabalho. O desemprego atual é assustador. Ele afeta inicialmente a população com menor qualificação e se espraia em segmentos mais esclarecidos. E ainda provoca queda de salários e de condições de trabalho para aqueles que tiverem a felicidade de não perderem os seus postos de trabalho. Isto porque a imensa fila de pessoas desempregadas que se forma na porta dos locais de trabalho, faz com que haja substituição dos que estão empregados por outros ainda desempregados e, que, por isso, estão dispostos a trabalharem por qualquer salário.
A inflação nas alturas é o condimento adicional para a corrosão da renda de quem ainda a tiver, sobretudo naquelas faixas situadas na base da pirâmide de recebimentos de um país que enfrenta uma crise como esta.
E a crise econômica que assistimos foi fabricada pelo grupo que está no poder. Irresponsável e incompetentemente encaminharam as políticas fiscal e monetária de forma inconsequente. Exorbitaram no excesso de gastos, para bancar uma máquina administrativa mastodonte. Esse que está ai é o pior Ministério que se tem noticias no Brasil, no passado recente. Nem o time de Collor era tão ruim como esse. Gente que foi requisitado para cumprir cota partidária nos condomínios em que se tornaram os governos petistas a partir de 2003 e que se difunde pelos estados, nos governos de seus aliados, principalmente nos estados mais pobres do Norte e do Nordeste. Condimentando tudo isso, há um processo desenfreado de corrupção institucionalizado.
É neste clima que serão realizadas as olimpíadas este ano no Brasil. Os governos do PT e aliados, desde 2003, estão nos credenciando a sermos fortes concorrentes nas modalidades “nada sincronizado” (crédito para o Jornalista Celso Arnaldo em seu livro que deve ser lido por todos os brasileiros). Somos fortes também em diferentes modalidades de tiros, como: “tiro ao pé”; “tiro aos plurais”; “tiro ao bom senso”. Faremos também bonito em “esportes” como “arremesso de sandices”; “cem metros rasos para o abismo”; “salto triplo para o calabouço”; “maratona de irresponsabilidades”. Contudo, a “modalidade esportiva” que seremos imbatíveis será: “A-salto aos cofres públicos”. Principalmente para ganhar eleições, nem que a “vaca tussa”. “Fazer vaca tussir” é modalidade que os principais competidores ainda desconhecem. Precisam fazer estágio em Brasília com a “Dôutôura” Dilma Roussef.
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*Professor na Universidade Federal do Ceará. Escreve aos sábados neste espaço para o Imparcial. Texto para o dia 5/03/2016.