José Lemos
Apesar da mensagem enviada por seis Ministros do STF, sob a liderança e encaminhamento do seu Presidente, possa nos levar a pensar de forma contrária, a minha reflexão neste começo de texto é: vale a pena ser honesto. Honradez, decência, buscar conquistas por méritos, não fazer outros de bobos para atingir objetivos pessoais, de familiares ou de amigos, deve ser o comportamento minimamente aceitável na nossa breve passagem como inquilinos efêmeros deste Belo Planeta Azul.
Devemos aprender com a sabedoria dos rios que, na busca dos seus objetivos, serpenteiam dificuldades. Quando necessário, despencam de obstáculos para seguir a sua obstinação em encontrar um local para desaguar. Que pode ser outro rio e, no limite, a enormidade de um Oceano que é o objetivo maior de todos os rios. Em ali chegando, despejam as suas águas e contribuem para engrandecer os mares.
Rios não buscam atalhos. Ao contrário, quando menores e mais frágeis, juntam-se a outro que encontrem pela frente, encorpando-o. Sabem que agindo assim a sua fragilidade será superada e, com as suas águas “confundidas” terão mais chances de chegarem fortes a um objetivo comum. Os rios também sabem que, misturando águas de diferentes “amigos”, inclusive dos menores, o seu espelho d’água ficará mais “encorpado” e reduzirá, em termos relativos, a emissão de “suor” representado pela evaporação provocada pelos raios do sol que incidem sobre o seu leito. Isso lhes provocará menos perdas no seu transcurso. Além disso, sabem que esse “suor”, não terá sido em vão, porque se transformará em nuvens que, mais tarde, virarão chuvas que cairão para reforçar outros amigos que vem na sua retaguarda. Uma parceria incrivelmente encadeada.
Os rios também sabem que no seu percurso até atingir o seu objetivo de desaguar num Oceano, terão que atravessar diferentes etapas. Jamais correrão de forma acelerada em áreas menos inclinadas. Pouparão energias para fazê-lo quando se defrontarem com terrenos com maiores declives ou que forem mais acidentados.
Nós, os humanos, temos dificuldades em entender essa sabedoria que a natureza nos mostra todos os dias. Somos demais soberbos e “inteligentes” para dar atenção para “bobagens”. E, por isso, tentamos confundir a nós mesmos, tentando convencer com palavras, não com atos, que somos diferentes do que realmente é evidente para quem nos observe com um mínimo de atenção.
Vinicius de Morais e Baden Powel escreveram letra e musica da antológica “Canto de Ossanha”, de onde tomei emprestado uma das passagens para ser o título deste meu texto: “O homem que diz sou, não é. Porque quem é mesmo é não sou…”
Não precisamos propalar que somos a pessoa mais honesta do mundo, quando na nossa prática não agimos assim. Sendo honestos, honrados, decentes, as pessoas que são assim, ou que não são ingênuas, perceberão. Propagar em alto e bom som que somos honestos, apenas será necessário quando não o somos. Sobretudo, quando temos ou tivemos a oportunidade de demonstrar isso e não o fazemos ou não o fizemos.
Na nossa trajetória por aqui, a Sabedoria do Ser que nos criou fez com que tivéssemos diferentes portes físicos e composição bioquímica em cada fase da vida. Quando crianças, somos inocentes, temos nos pais as nossas referências. Na adolescência, o organismo experimenta modificações. Os pelos pubianos se manifestam. Meninas e meninos têm diferentes modificações corporais que os irão transformar em adultos.
Jovens Adultos nós, os homens, temos uma libido intensa porque as taxas de testosterona são elevadas. Isso faz com que os rapazes sejam mais “ligeirinhos”. Mas isso acontece porque, devido às elevadas taxas de hormônios da sexualidade, podem repetir atos rápidos por seguidas vezes.
Entre quarenta e cinqüenta anos, as taxas hormonais já se arrefecem, mas se tivermos tido uma vida comedida na fase anterior da nossa trajetória, e não tivermos qualquer seqüela orgânica ou mental, poderemos ter uma vida sexual intensa, mas sem aquele ímpeto de 20 ou 30 anos atrás. Mas nada que não faça a vida ser prazerosa, também nesta fase da vida em que os filhos já estão chegando à fase adulta.
A partir dos 60 anos, muitos de nós terá dificuldades em ter função erétil. Sobretudo quando no passado tivemos vida desregrada. Nessa faixa etária, a taxa de testosterona tende a se reduzir, mas pode ser reposta, em boa parte, se praticarmos atividades físicas aeróbicas, ou de musculação e se tivermos hábitos saudáveis.
Contudo, um fato é verdadeiro. Não passaremos dos 70 anos com o tesão de um jovem de 20 anos. Caso propaguemos isso, estaremos caindo na sabedoria da dupla “Poetinha” – Baden Powel. Além disso, a nossa companheira também deverá estar numa faixa etária equivalente, e ela não estaria com vigor de uma “gatinha” de 20 ou 30 anos.
Apesar desse fato ser tão evidente e cristalino há homens, nessa faixa etária, que se envolvem com moças bem mais jovens. Vaidosos, se acham o máximo. Caso sejam do tipo descrito pela dupla Vinicius-Baden, sairão propalando que passaram dos 70, mas tem o tesão de um rapaz de 20 anos. Óbvio que serão ridicularizados. Porque um madurão que diz: “Tenho muito tesão, não tem”. Porque se tiver, não diz. Alguém, além dele, e a quem a informação de fato interessa, saberá. Aos outros essa “auto exaltação sexual” não passará de fanfarrice abominável. E fala bem do caráter de quem a faz.
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Texto para o dia 23/11/2019.