Passado o “Outubro Róseo” em que foi feito o trabalho de divulgação e de ações para prevenção do câncer de mama que, junto ao de ovário, é um dos maiores responsáveis pela mortalidade de mulheres, inteligentemente foi crido o “Novembro Azul” dedicado à prevenção do câncer de próstata. Este tipo de tumor, segundo dados recentes,, depois do câncer de pulmão, é o segundo mais letal nos homens.
As estatísticas associadas ao aparecimento do câncer de próstata entre os homens maiores de cinquenta anos são dramáticas. Há previsões que estabelecem que um em cada quatro homens, nesta faixa etária, terá este tipo de câncer. Há urologistas mais radicais que estabelecem que esta doença afetará todos os homens, na medida em que a idade avançar. Contudo, mesmo que as previsões fossem menos sombrias, os homens situados na faixa de idade de risco deveriam partir para a busca do diagnóstico prematuro. Idealmente a partir dos 45 anos para aqueles que tenham casos na família.
Deveriam. Mas este não é o comportamento usual. Ao contrário dos consultórios de ginecologistas que estão sempre repletos de mulheres em busca de prevenção, os de urologistas não são tão demandados pelos homens. Em geral eles apenas aparecerão por lá quando os sintomas da doença já se manifestam de alguma forma. Nesses casos, em boa parte das vezes, os médicos pouco terão o que fazer. E o resultado será um sofrimento enorme para quem está com uma doença terrível (se é que existe alguma enfermidade que não mereça este adjetivo). Tudo isso por causa de um machismo inconsequente. Os homens, no geral, acreditam que fazer o exame do toque retal, uma das formas complementares, a outra é o exame do PSA, de detecção de anomalias na próstata irá afetar-lhe a masculinidade. Para não passarem pelo que consideram “constrangimento” muitos “preferem” correr riscos. Assim acreditam “preservar” o seu lado “macho”, mas terão enormes chances de engrossarem as estatísticas daqueles que contrairão a doença e terão poucas chances de conseguirem um tratamento exitoso.
Aprende-se na literatura, mesmo sem ser especialista, ou sequer sendo médico, mas curioso dos problemas humanos, que a glândula prostática tem o tamanho aproximado de uma azeitona e se localiza na parte intermediária entre o ânus e a bexiga. Entre as suas funções, está a de reduzir a acidez do sêmen, no ato da ejaculação e assim manter o homem fértil. Homens que têm dificuldade em procriar tem chance grande da próstata não exercer esta função com acuidade. A natureza, na sua enorme sabedoria, estabelece que, depois dos 45 anos, ao alcançar a andropausa (o equivalente masculino da menopausa feminina), o homem já deve ter ultrapassado a sua fase de procriação e aquela glândula passa a ser uma espécie de estorvo. Claro que falo como leigo e tentando dar uma interpretação mais inteligível aos meus leitores. Ao meu modo, claro, e pedindo perdão aos especialistas, inclusive ao urologista que me dá assistência preventiva, uma das competências no Brasil na área que é cearense e atende em Fortaleza, por ousar falar sobre o tema, não sendo da área. Com na andropausa os homens já tiveram os filhos que queriam, a glândula perde função e passa a “criar problemas”. Um deles é o inchamento. Estando maior ela pressionará a bexiga e provocará o incômodo da incontinência urinária. O inchamento pode ser benigno, natural com o envelhecimento do organismo, mas pode estar associado ao surgimento de células com neoplasia, ou cancerígenas. Enquanto as células neoplásicas estiverem apenas dentro da próstata, as chances de cura são enormes. Saindo da cápsula e espraiando-se pelo seu entorno, provocará estragos e muito sofrimento. Nestes casos os tratamentos serão muito mais dolorosos e com pouca chance de proverem resultados eficazes. Daí a necessidade de detecção precoce.
Nos casos em que as células neoplásicas (cancerígenas) estão restritas á capsula prostática, o procedimento cirúrgico radical de retirada da próstata é, segundo o meu médico me ensinou, o tratamento mais indicado. Modernamente já há procedimentos pouco invasivos, que utilizam câmeras que são introduzidas pela via lateral do umbigo do acometido. Essas câmeras multiplicam o tamanho da próstata e do seu entorno. Assim o cirurgião terá grande chance de fazer um procedimento que provocará poucos impactos pós-cirúrgicos. Nesses casos, segundo o que aprendi com o meu urologista, que é Doutor pela USP, e teve a gentileza de passar-me a sua Tese de Doutorado para eu ler e dar sugestões antes da Defesa, não como especialista, claro, mas como avalista do método estatístico adotado e dos argumentos de um trabalho científico, as chances de surgirem as sequelas que provocam a temida disfunção erétil (impotência sexual), é pequena. Segundo ele, isso acontecerá com mais frequência nos casos em que os homens já apresentavam este tipo de disfunção antes do procedimento. Ao que apreendi com ele, o homem manterá a sua capacidade fértil, porque os testículos continuam produzindo espermatozoides. Poderá continuar procriando se assim o desejar.
Mas existem outras formas de tratamentos ao câncer de próstata, como quimioterapia ou radioterapia, que são mais adequadas para homens mais maduros, mas não necessariamente. O fato é que o mais importante é a prevenção desta, e de todas as doenças. Os homens devem cuidar mais da saúde, como o fazem as mulheres. Serem mais “vaidosos”. Cuidarem do corpo. Isso não está associado à perda da masculinidade. Mas tem a ver com a busca de vida saudável. A sua companheira irá adorar ter um homem mais bonito, sem barriga lhe deformando a silhueta, ofegante na hora de mais intensidade, sem o hálito horrível de fumo e do álcool. Quer seu homem viril, fazendo-lhe vibrar no momento mais importante das nossas vidas: o da entrega total em que confundimos pernas, misturamos salivas, líquidos, odores, toques, carícias e que ficamos com os olhos mais brilhantes e vesgos. Com o fantasma do câncer de próstata, ou de qualquer outro, a nos rodear, isso é praticamente impossível. Aproveitemos o “Novembro Azul” e todos os meses do ano para cuidar da nossa saúde. Prevenir é sempre melhor do que remediar. Lugar comum que se aplica em plenitude nestes casos.