José Lemos*
Nesta terça-feira, 30 de junho, o Ex-Governador, e atual Deputado Federal, José Reinaldo nos brindou com mais um bom texto na coluna que ele assina naqueles dias no prestigioso Jornal Pequeno. No texto ele aborda as potencialidades da produção de energia eólica no Maranhão. Logo no começo do texto ele faz o questionamento de o porquê do Maranhão ainda não ter avançado nesta e em outras áreas de energias alternativas, dado o seu potencial. Como ele foi, seguramente, o melhor Governador do Maranhão das últimas décadas, e profundo conhecedor das causas da pobreza dos maranhenses, ele sabe muito bem as respostas. E as coloca no texto: O descaso de governantes que estavam mais preocupados em acumular riqueza às custas das potencialidades do estado, como de fato aconteceu e que todos nós sabemos.
Recentemente eu tive o privilégio de orientar três trabalhos de estudantes aqui na UFC (um de pós-graduação) em que foram feitas avaliações das potencialidades dos estados do Nordeste na geração das energias alternativas: eólica, solar e de biomassa. Ali ficaram demonstradas as potencialidades de todos os nove estados da região face à posição privilegiada na terra, em que os dias são longos, os ventos apresentam boas velocidades que são compatíveis com a produção de energia. Dentre os estados do Nordeste, o nosso Maranhão é dotado de condições naturais propícias para a instalação de projetos de energias alternativas e limpas, tendo como base o vento e/ou o sol.
O problema da geração de energia ganhou posição de destaque nos encontros técnicos e científicos tanto em nível nacional como internacional dos últimos anos. Isto decorre do fato de que a atual matriz energética mundial ainda é muito dependente de combustíveis fósseis, cuja queima contribui para aumentar a concentração de gases que provocam o efeito estufa na atmosfera.
O modelo de desenvolvimento econômico, que prevalece em praticamente todos os países do mundo, baseia-se na exploração descontrolada dos recursos naturais com tecnologias que utilizam fortemente fontes não renováveis de energia, apresentando aspectos ecologicamente predatórios, socialmente perversos e politicamente injustos. Este modelo está em franco processo de esgotamento, também porque as fontes de energia fóssil são finitas e, em algum momento, desaparecerão ou serão coletadas a custos crescentes que podem se tornar impraticáveis.
Por isso a necessidade de implantar projetos alternativos de geração de energia. O Brasil fez a opção, ainda nos governos militares, pelo uso de energia produzida pelas hidrelétricas. Foram construídos grandes complexos geradores de energia que presentemente se constituem na principal fonte de energia elétrica do Brasil.
Contudo as hidrelétricas possuem limitações ambientais para as suas construções, principalmente porque requerem a criação de imensos reservatórios, causando grande impacto ambiental, tanto na flora quanto na fauna e para seres humanos, em geral, para os muito pobres. Pessoas que construíram toda a sua vida em um local e, em determinado momento, são convocadas (intimadas seria o termo) a deixarem tudo para trás porque será implantado um imenso lago que fará desaparecer toda a paisagem a que estão acostumados. Isso não é pouca coisa, como descrevem e cantam os compositores Sá e Guarabyra na bela música “Sobradinho”: “O homem chega, já desfaz a natureza. Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar…”
No Brasil a energia eólica pode ter um maior aproveitamento no período de estiagem, com acontece presentemente, quando os reservatórios de água das hidrelétricas começam a secar. Um fator adicional em favor da implantação de complexos de energia eólica é o fato da velocidade dos ventos costumar ser maior em períodos de estiagem. As usinas eólicas podem ser utilizadas como sistemas complementares às hidrelétricas.
O Maranhão, com a sua privilegiada posição geográfica, poderá se transformar num grande celeiro também desta fonte de energia. Eu imaginei que talvez fosse interessante a criação de pequenos e médios parques eólicos devidamente interligados. Isto porque, apesar de limpa, a energia eólica provoca ruídos e espanta a fauna. Acredito que um complexo de torres geradoras de energia eólica colocadas nos desertos dos Lençóis Maranhenses poderiam ser de grande utilidade. Ali poderia ser colocado um sistema integrado de energia eólica com placas de energia solar, tal o nível de insolação.
Mais uma vez Zé Reinaldo demonstra que é homem que enxerga para além das gerações. Oxalá os encaminhamentos que ele sugere no seu texto, e que estão sendo devidamente avaliados pelo atual Governador, possam finalmente colocar o Maranhão na vanguarda de uma alternativa energética em que temos grande vantagem comparativa e competitiva. E não é apenas energia eólica e solar. Podemos também gerar energia elétrica a partir do babaçu mediante a implantação de termelétricas alimentadas pelo coco da palmeira. Mas este será tema de outro artigo no futuro.
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*Artigo publicado em O Imparcial do dia 04 de julho de 2015 e no Jornal Pequeno do dia 05 de julho de 2015.