José Lemos*
Começo o texto fazendo um desafio ao Ministro da Saúde e à Presidente da República. Caso tenham qualquer dificuldade de saúde, em vez de procurarem as excelências das instalações e da equipe de médicos do Hospital Sírio Libanez, submeterem-se aos cuidados dos “médicos” que estão importando para tratar a população pobre do Brasil. Seria um excelente teste.
Duvido que aceitem. Eles, mais do que ninguém, sabem que estão aprontando mais um engodo, dentre tantos que já aprontaram em mais de dez anos. O ex-Presidente Lula da Silva, em um dos seus infinitos discursos inflamados em Pernambuco, dizia que o sistema de saúde do Brasil estava à beira da perfeição. Chegou a insinuar que ele mesmo não teria o que temer em ser atendido em uma das excelências que, segundo ele, prevaleciam nos hospitais do sistema SUS. No entanto quando, infelizmente para todos nós que o criticamos o queremos sadio, teve problema grave de saúde, não teve coragem de buscar o tratamento nos hospitais que ele garantia serem de primeiro mundo. A atual presidente, que fazia parte do Governo e avaliza tudo o que é dito pelo seu mentor, quando teve apuros de saúde foi para São Paulo em busca da excelência, que está distante há anos luz do que é praticado no SUS do seu Governo.
Os médicos brasileiros, que gramam durante longos seis anos para buscarem a titulação e mais alguns anos buscando a especialização, estão recebendo tratamento diferenciado, tendo em vistas que todos eles estão obrigados a fazerem exames no Conselho de Medicina para exercerem a profissão. Os estrangeiros, não. Arranjo que foi feito com destinatários perfeitamente identificados: os “médicos” cubanos. Que também são vitimas neste processo. Certeza de que não lograriam aprovação. Assim, julgaram eles, é melhor “cortar o mal pela raiz”, evitando que os “médicos” importados passem pelo constrangimento de serem reprovados maciçamente.
Em nenhum momento da discussão dos problemas de saúde que foi feita na campanha que elegeu a atual presidente, foi falado que, se eleita, ela “aprimoraria a perfeição” da saúde deixada pelo seu antecessor, importando médicos. Muito menos de Cuba, onde se sabe praticar-se medicina arcaica. Hugo Chavez, então presidente da Venezuela, pagou com a própria vida, e de forma bastante precoce, o crédito que ousou dar àquele sistema de saúde. Bom lembrar que na época em que ele, Chavez, estava decidindo ir para Cuba, a atual presidente sugeriu-lhe que fizesse o tratamento aqui no Brasil. Uma prova de que ela não acredita na competência dos médicos daquele país. Se é que são médicos. Mas para as populações carentes do Norte, Nordeste, e das periferias das cidades eles servem. Outro tratamento discricionário do programa.
O Programa “Mais Médicos” é mais uma das improvisações de um governo sem plano, sem projeto e sem rumos. As decisões são tomadas ao sabor da conjuntura. Em determinado momento a Presidente resolve que os juros estão altos e precisam cair. Transforma o Banco Central, uma instituição que precisa ter independência para gerir a política monetária, em instrumento dos seus proselitismos equivocados com fortíssimo viés populista. Os juros caíram de forma voluntária, sem o devido respaldo técnico de política fiscal responsável por parte do seu governo. Resultado: a inflação recrudesceu.
A seca, mais uma vez atormenta os nordestinos do semiárido, a Presidente se desloca com um aparato de assessores para lançar um “plano de combate à seca” cujos recursos são praticamente iguais àqueles destinados a bancar os custos de transporte e hospedagem do séquito que levou para Fortaleza para anunciar que “combateria a seca” usando os famigerados carros pipas. Aqueles mesmos, cujos donos são os prefeitos, seus familiares, ou amigos, nos municípios onde ocorre a tragédia que não se combate, mas se cria instrumentos de convivência via políticas estruturantes.
Os jovens, e a classe média vão às ruas armados de palavras de ordem e cartazes requerendo melhor uso do dinheiro público, a resposta do governo vem na forma da proposta de um plebiscito que, de tão esdrúxula, teve que ser arquivada imediatamente. As pessoas reclamam dos péssimos serviços de saúde, que não tem a ver com a falta de médicos, mas com a inexistência de estrutura para que os profissionais da área de saúde trabalhem com dignidade e segurança na sua lide de salvar vidas, o governo acena com a importação de “médicos” despreparados. Sim, despreparados porque, se não estivessem nesta condição não aceitariam sair dos seus países para receber salário mensal de R$10.000,00, pouco mais de quatro mil dólares. Médico bom, em nenhum lugar do mundo, tem esta renda, principalmente para trabalhar em locais remotos e insalubres. Os cubanos ficarão com apenas R$700,00 dessa “bolada”. O restante será transferido para o governo do País numa espécie de mensalão. É muito amor à causa por parte desses “médicos”, principalmente os vindo da ilha dos Castros. O mesmo governo que diz está sanando a divida social com os pobres, providenciando-lhes cotas nas universidades públicas (menos no ITA), que é uma espécie de discriminação, tendo em vista que a partir dessa ação fica claro que os pobres, principalmente os negros, são incapazes de competirem em condições de igualdade por uma vaga nas universidades brasileiras e nos institutos federais, também os discrimina submetendo-os ao atendimento de profissionais despreparados. Valha-nos Deus! Pobre Brasil!
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*Texto publicado no dia 30/08/2013 em O Imparcial e no dia 31/08/2013 no Jornal Pequeno