José Lemos*
O dicionário nos ensina que a mitomania “é um distúrbio ou desequilíbrio psíquico. Ela ocorre em pessoas que têm a mania de mentir. O mitômano mente sobre coisas específicas, falando sobre coisas que gostaria que fossem reais, mas ele tem consciência de que não diz a verdade.” O mitômano acredita na própria mentira.
Lula parece se enquadrar num quadro assim que poderia ser estudado por Banca qualificada de Psicólogos. Talvez até para lhe propor um tratamento. Sei lá!
Felizmente vivemos numa época em que ficam registros em som e imagem. Os registros das sem número de vezes em que esse Cidadão se manifestou publicamente mostrarão um sujeito contraditório Além da sua incrível capacidade de exercitar metamorfoses que o vem tornando pior, à medida que o tempo avança para todos nós.
Idos de 1989, eu já tinha conquistado o meu título de Doutor no começo daquela década. Portanto eu não era nenhuma criança e também não posso debitar na conta do desconhecimento o meu engajamento a fundo na campanha “Lula-Lá” que objetivava tornar aquele ex-operário Presidente da República, na primeira tentativa que tivemos depois do grande movimento cívico das “Diretas-Já” de 1984.
Nós militávamos ardorosamente como idealistas no que se chamava de “esquerda”. Hoje eu coloco entre aspas (a de antes e a de agora), na época não. Tal era a minha ilusão com aquele cenário que eu achava que iria mudar o Brasil.
O Governo que agonizava conseguiu a proeza de transformar uma hiperinflação anual de 100%, deixada pelo último Governo militar de João Figueiredo, em uma infernal super-hiperinflação mensal de 80% ao fim do seu desgoverno em 1989.
O ex-metalúrgico, forjado nas greves do ABC paulista, navegando sobre pranchas (hoje sabemos esburacadas) de um partido “libertário”, tendo outros partidos como satélites, sinalizavam com a possibilidade de fazer a revolução socialista por essas bandas tropicais, carnavalescas, futebolísticas… Nós acreditamos e fomos fundo!
O Livro “A Ilha” de Fernando Maraes, que fazia apologia às “maravilhas” de Cuba sob Fidel Castro, era leitura obrigatória. Mas a maioria dos “cumpanheiro” não gostava de ler textos mais elaborados. Preferiam frases prontas. Palavras de ordem.
O País estava dividido. Havia os “virtuosos” de “esquerda”, aqueles que militavam naquela causa pro-ex-operário. E havia os reacionários, retrógrados de “direita”. Conservadores, que não embarcaram naquele discurso do “virtuosismo”.
Claro que nós estávamos entre os “virtuosos”. Éramos “contra tudo isso que aí está”. Todos nós sabemos o que aconteceu naquela eleição. Num pleito que tinha Mário Covas, Ulysses Guimarães disputando, ficaram para o segundo turno os “salvadores da pátria”: Collor e Lula. Collor se elegeu presidente, numa campanha que dividiu o País.
Pois bem, o tempo passou. O “canindato” e o seu partido foram experimentando metamorfoses e, devido a esse mimetismo, chegamos (foi a última vez que votei nele) ao poder em 2002 já surfando em companhias antes execradas. Começando com o Vice, incluindo o marqueteiro, e figuras como o meu Conterrâneo e a sua família que até bem pouco tempo antes da eleição mereciam adjetivos impublicáveis do “canindato”. Vieram ainda Romero Jucá (que virou Ministro), Michel Temmer, que virou Presidente da Câmara, com o apoio do Presidente das “esquerdas”. Ali ele, Temmer, hoje execrado pelos “cumpanheiro”, produziu malabarismo que o fizeram merecer mais tarde a premiação de ser o Vice-Presidente na Chapa que ele escolheu com a intenção de apenas lhe fazer “quarentena” para que pudesse voltar ao poder quatro anos depois.
O “ilusionista” conseguiu convencer governantes internacionais, imprensa, revistas sérias como “The Economist” que, aqui, não era só futebol e carnaval. A pobreza havia sido eliminada num passe de mágica chamado “Programa Bolsa Família”, herdado do antecessor de “direita”, e que antes era um “programa eleitoreiro”.
Nos bastidores, tal como na música de um dos seus fieis seguidores (mas que mora em Paris, afinal ninguém é de ferro), se desenvolviam “tenebrosas transações”, que o levaram a responder a 7 processos em que já foi condenado, em um deles, a mais de 12 anos de prisão.
A lei é para todos. Observa-se que, neste caso (ao contrário do que apregoam os seus seguidores) a legislação está sendo muito benevolente. Ao ponto de um tribunal, regiamente pago com os nossos impostos, ficar onze horas para decidir se ele deve ou não ter a restrição de liberdade já tendo sido condenado em três instancias anteriores.
Por muito menos a ex-presidente sul-coreana Park Geun-hye foi condenada (e já cumpre a pena) a 24 anos de prisão neste 6 de abril por UM ÚNICO TRIBUNAL de Seul, que a considerou culpada de acusações de abuso de poder, coação e suborno.
Ao exarar o cumprimento da sentença, o respeitado Juiz Sergio Moro escreveu que devido à dignidade do cargo que ele (Lula) ocupou, não será preso em operação espetacular, não será algemado e merecerá cela especial na Sede da Policia Federal do Paraná em Curitiba. Com a devida “venha” do ilustre Juiz, em quem eu tenho grande respeito, eu avalio que justamente pelo fato de ele ter sido Presidente da República e de não ter “dignificado” a posição, o seu tratamento deveria ser bem mais rigoroso.
Ou o Brasil é mais democrático do que a Coreia do Sul?
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*Texto publicado no dia 7/04/2018.