José Lemos
Quem nunca foi “vitima” de olhar fulminante de um alguém que apareceu de repente? E a partir daquele olhar haja uma aproximação, uma troca de gentilezas, de galanteios, toque de mãos, beijos nos rostos de ambos e, na sequencia, se encaixe um relacionamento afetivo com desdobramentos importantes naquelas vidas?
Sabemos que aquele olhar “fulminante” tanto pode ter partido do homem como da mulher. Uma sinergia imperceptível fazendo com que pessoas que talvez nunca tivessem se visto antes fiquem enfeitiçadas, atraídas, envolvidas, enredadas… E, daquela troca de olhares, pode provocar desdobramentos naquelas vidas…
Nos últimos tempos ficou difícil para os homens manifestarem atração por mulheres. Os movimentos feministas parecem ter levado ao extremo qualquer tentativa de um homem galantear uma mulher. Manifestações neste sentido são logo interpretadas como tentativas de assédio sexual. “Machismo”. Isso torna complicada a nossa própria razão de existência neste planeta. Sim, porque nada na nossa vida fará sentido, caso não tenhamos pessoas a quem amarmos, com quem trocar carícias e fazer projetos comuns. Essas pessoas somente serão encontradas fora do ambiente familiar. E uma forma de isso acontecer será através de trocas de olhares, ou da iniciativa do homem falar um galanteio para uma mulher que lhe fascine.
Com mais frequência esses momentos que podem suscitar a vontade de um galanteio, de uma paquera, de uma palavra elogiosa, acontecerão no ambiente de trabalho, na escola, no caso dos jovens estudantes, ou nos Campi das Universidades.
Nesses locais sempre terão homens e mulheres que podem experimentar algum tipo de atração por um colega de sala de aula, de curso universitário, de universidade, de trabalho. Um galanteio despretensioso pode ganhar dimensões e ter desdobramentos intensos se existirem carências afetivas no galanteador e na galanteada.
Não é incomum um estudante se apaixonar por uma professora, ou uma estudante se apaixonar pelo seu professor. Assim como não há qualquer problema em um professor ficar a fim de uma estudante ou, de uma professora se enamorar de um dos seus estudantes. Há inúmeros casos de professores e professoras que se apaixonaram, e até constituíram famílias, com as suas ou com os seus ex-estudantes. É absolutamente normal um Chefe se apaixonar por uma das suas subalternas, ou a Chefa enamorar-se do seu subordinado…
O assédio sexual acontecerá quando o Chefe se aproveitar da sua condição hierárquica para forçar situações que as subordinadas não desejam. Também será assédio sexual quando o Professor usar dessa sua condição para impor constrangimentos sensuais às suas estudantes. Nesses casos sim, haverá abusos que precisam ser denunciados pelas vitimas e tomadas as devidas e cabíveis providencias.
Abusos de homens se encostando em mulheres nos ônibus, ou em qualquer transporte público, são atitudes deploráveis que precisam ser veementemente repudiadas, denunciadas e os seus praticantes exemplarmente punidos.
No extremo abominável, o caso do estupro, o violentador deve ser apenado de forma exemplar. Trata-se de crime hediondo, inafiançável, com pena de reclusão por período de prazo suficientemente longo para desestimular esse tipo de ação.
Assim, afora esses casos de ações equivocadas de homens que se aproveitem de suas eventuais posições de hierarquias para forçarem situações que as suas subordinadas não desejam, o galanteio será sempre uma forma de explicitar que há algum tipo de atração. Em condições normais, sempre caberá à mulher prover a última palavra. Nestes casos os homens ficam totalmente dependentes da vontade delas. A mulher não querendo, por mais contundente que seja o galanteio, por mais atraente que se julgue o galanteador, a relação em potencial acabará sem sequer começar.
Desta forma a manifestação ocorrida na França, publicada no Jornal Le Monde no último 09/01/2018 liderada por mulheres “cabeças” como Catherine Deneuve, a escritora Catherine Millet, a editora Joëlle Losfeld e a atriz Ingrid Caven, é bem vinda nestes momento de grande turbulência na vida afetiva dos seres humanos. Essas mulheres disseram “que não se sentem representadas por esse feminismo que, além das denúncias dos abusos de poder, adquire uma face de ódio aos homens e à sua sexualidade”. Deixam claro que essas atitudes favorecem aos inimigos da liberdade sexual.
===============
* Texto para o dia 13/01/2018.