Fortes emoções
Jose Lemos*
Quando há dois meses eu recebi, via e-mail do colega Polary, Economista do CORECON-MA e assessor da FIEMA, o convite para vir falar sobre o a inserção do Maranhão no semiárido brasileiro, confesso que não levei muita fé. Naquele momento eu não vislumbrava como, e o porquê de uma entidade que congrega industriais maranhenses se interessaria pelos trabalhos que venho realizando, já se vão doze anos, em que tento mostrar que o Maranhão dispõe de ao menos quinze (15) municípios com características técnicas de semiárido, tal como definidas pelas Nações Unidas.
Anteontem (25/5) aconteceu o evento à tarde. Antes fui recepcionado pelo Empresário Luiz Fernando Coimbra Renner, Presidente do Conselho Temático Permanente de Politica Industrial e Desenvolvimento Tecnológico da FIEMA. Além de me prover uma calorosa recepção, ele se declarou leitor dos meus textos aos sábados nesta coluna. Fez comentários lisonjeiros dos temas e da forma em que eu escrevo.
A ele se juntaram outros empresários membros da Entidade que também me cercaram de gentilezas o que me deixou plenamente à vontade durante aquelas horas, que acabaram sendo poucas (cheguei por volta das 15:00 e sai de lá às 18:00), mas que foram carregadas de emoções. Foi uma tarde memorável para mim.
No prólogo da Tese que defendi para concorrer à vaga de Professor Titular na UFC eu escrevi: “Prover bem-estar e felicidade para as pessoas que amamos e que nos amam é uma das nossas missões durante a nossa breve passagem por aqui. Portanto, não é nada mais além do que o cumprimento da nossa obrigação. Na minha avaliação é muito mais gratificante se, além de cumprir esta missão, pudermos com as nossas ações, trabalho e atitudes, proporcionar bem-estar, alegria e felicidade para pessoas que não fazem parte do nosso circulo de amizade e que talvez jamais conheçamos. Fazendo assim, acredito ter valido a pena ter passado por este belo Planeta Azul”.
Aquele evento é mais uma dessas tentativas. São aproximadamente um milhão de conterrâneos que sobrevivem em 15 municípios que tem características técnicas de semiárido e, que padecem de desassistência, devido à omissão do poder público que se mostra muito mais sensível às demandas bem menos nobres. Caso consigamos, eu e um grupo de abnegados pesquisadores da UEMA, de algumas entidades, e agora a FIEMA, fazermos esta conquista (inserir os 15 municípios no semiárido brasileiro), acredito que daremos um passo firme na direção daquilo que escrevi no prólogo da minha Tese.
As emoções para a minha apresentação naquele evento começaram ainda em Fortaleza. Depois que eu percebi que o evento era para valer. Já com ordem de passagem emitida pela FIEMA eu caí numa realidade inusitada.
Auditório lotado. Encontrei ex-estudantes meus do Mestrado em Agroecologia. Revi um professor da UEMA, Jorge Fortes, quem me ajudou na elaboração e na execução do projeto piloto de recuperação da mata ciliar do Rio Itapecuru, que fizemos quando eu fui Secretario de Agricultura. Estava lá também o meu colega dos tempos de Liceu, o Herbert de Jesus, hoje jornalista, batalhador ferrenho e defensor da cultura maranhense, além de historiador e escritor. Havia Jornalistas e outros profissionais.
Comecei emocionado, porque o tema me é muito caro e fiquei sensibilizado com aquele calor humano (o Salão Nobre estava bem refrigerado). Comecei gaguejando, atropelando as palavras, mas depois consegui me domar. Preocupado com a extensão do seminário, para não torná-lo enfadonho. Evitei falar de equações, modelos, haja vista que a plateia era eclética. Eu mesmo preparei todo o audiovisual que utilizei.
As surpresas não findaram com o fim da minha exposição, que durou 35 minutos. A plateia fez muitas perguntas, bastantes comentários. Deu sugestões. A sensação que eu fiquei foi a de que todos que ali estiveram se apropriaram da ideia. Como se trata de um grupo de grande poder econômico e formatador de opinião, o engajamento da FIEMA tem tudo para que possamos todos nos engajar naquele pensamento que é o prólogo da minha Tese de Titular.
Muito obrigados à Direção e aos membros da FIEMA, ao colega Polary que começou com a “provocação” e a todos que estiveram ali num dia que foi repleto de carga emocional para esse cara aqui que quer apenas uma coisa desta vida: ser feliz e fazer com que pessoas no entorno, ou não, também o sejam. Tudo o mais é irrelevante!
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*Professor Titular e Coordenador do Laboratório do Semiárido (LabSar) na Universidade Federal do Ceará. Endereço do CV: http://lattes.cnpq.br/5498218246827183.