José Lemos
Os meus conterrâneos de São Luís estão sendo fustigados por propaganda enganosa, forjada por marqueteiros que tentam lhes incutir que no segundo turno da eleição para Prefeito da capital existem alguns dilemas. Todos eles são falsos e tentam escamotear a ausência de propostas verdadeiras que de fato resolvam os problemas da cidade.
Com há inconsistência e despreparo para a discussão dos reais e crônicos, porque se arrastam há vários anos, problemas da cidade, apelam para falsos maniqueísmos. Assim, colocam que a disputa está entre o “novo” contra o “velho”; o “bem” contra o “mal”; “esquerda” ou “centro esquerda” (seja lá o que signifiquem depois do que vimos nestes últimos anos) contra “direita”; “religiosos endeusados e praticantes” contra “ateus” ou “demônios” mesmo que militantes e praticantes de outras religiões que não aquela exercida pelos detentores das chaves da porta do céu.
Ora, quando as coisas são colocadas nesses termos, demonstram que há uma indigência intelectual, falta de alternativas objetivas para a solução dos cruciais problemas da nossa cidade. Ausência de propostas ou de projetos sinérgicos, que sejam capazes de energizar a vida de um milhão de pessoas que moram numa das mais belas cidades brasileiras, das quais, mais de um terço em condições de pobreza. Não essa pobreza que dizem resolver transferindo renda. Pobreza é bem mais do que a mera carência de renda. Significa privações de acesso aos serviços essenciais (educação, saneamento, água potável, coleta de lixo) além da renda. Essa, a pobreza que precisa ser mitigada. Não serão os rótulos religiosos, políticos ou a aparência física, os credenciais para resolver os problemas.
Independentemente do credo religioso, da faixa etária, da ideologia praticada, o que se espera do administrador é competência, capacidade de articular um grupo de profissionais técnicos altamente qualificados, independentemente da militância partidária, para fazerem diagnostico correto dos reais problemas da cidade e propor-lhes as soluções. Alternativas que partam da premissa elementar de que os recursos são escassos. Mais carentes ainda deste lado do País, tal a assimetria com que os recursos são distribuídos.
O falso dilema ideológico que está posto fica difícil de ser assimilado, até para o mais alienado observador político. Como imaginar como sendo de esquerda, ou de centro esquerda o próprio candidato a Prefeito e o seu candidato a Vice? Caso observemos os apoiadores da candidatura do que chamam de “velho”, será que podem ser enquadrados no espectro de “direita”, seja lá o que ainda possa significar isso num mundo globalizado de hoje?. Eu mesmo que, embora não me considerando apoiador de qualquer uma das duas candidaturas, mas oponente contumaz de incompetências e de deslumbramentos, e que tenho criticas, algumas muito contundentes à atual administração que postula continuidade, acredito que, na situação em que nos encontramos é a melhor para a nossa cidade. Quem conhece a minha trajetória profissional, os meus trabalhos a minha militância desde os tempos, como diria o nosso conterrâneo e poeta Ferreira Gullar, em que ser de esquerda era ser taxado de “xiita”, radical, verá que jamais estive no campo político que, até a derrocada do muro de Berlim em 1989, se chamava de direita.
Alem disso que relevância teria para o morador carente de São Luis saber se o seu prefeito tem como apoiadores militantes de direita, de esquerda ou de centro? O Prefeito é uma espécie de sindico da cidade. Um vigilante diuturno dos seus problemas. Isso independe de ser marxista, neoclássico, clássico, keynesiano, neo keynesiano, o que for!. O que importa para quem mora numa cidade complexa como a nossa capital é saber se terá água na sua torneira, se o carro de lixo passará sistematicamente na sua rua; se haverá escola de qualidade para o seu filho; se haverá hospitais e postos de saúde em condições adequadas para atender-lhes a demanda; se haverá facilidade de deslocamentos, ou se ao menos o futuro prefeito tem projetos concretos para equacionar este crucial problema.
Para resolver os problemas da cidade, o Prefeito não precisa ser novo, mas ter as atitudes de jovem. Isto significa ter pulso para cercar-se de gente competente. De repudiar adesões oportunistas de última hora que todos sabem o que de fato objetivam. Ter a “juventude” entendida como volúpia, capacidade de decisão, que independem da faixa etária, para não fazer loteamento dos cargos na Prefeitura. Candidatura como essa que se opõe ao atual Prefeito de São Luis é o antídoto, ou a negação de tudo isso.
Os meus conterrâneos precisam avaliar, com cuidado, as duas postulações. Deixar de lado os falsos dilemas colocados propositadamente por quem não tem conhecimento dos reais problemas da cidade. Observar o que foi feito pelos cabeças dos dois projetos em disputa. Ao fazerem assim, tenho certeza que não darão chance ao azar.
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*Artigo publicado em 20/10/2012.