José Lemos
Agricultura é a mais antiga das ciências e a mais remota das artes. Há evidências de que a domesticação de plantas e animais aconteceu em 8.500 a.C. e 8.000 a.C., respectivamente, no Sudoeste da Ásia, numa região com direção leste-oeste, conhecida como “Crescente Fértil”. Assim designada devido a uma combinação favorável de clima, solos, e dias de igual duração, porque estavam na mesma latitude.
Antes, os humanos eram coletores, caçadores, pescadores, e levavam vida nômade. Nesta condição não poderiam se aglomerar em sociedades. A Agricultura propiciou facilidades incríveis para aquela gente e para a humanidade. Sem ela, a Agricultura, seria impossível o avanço em outras áreas de conhecimentos, por uma razão muito singela: Agricultura libera mão de obra para outros setores, tendo em vistas que o cultivo passou a ser uma especialização de alguns e, por ser assim, libertou sujeitos bem alimentados para desenvolverem os seus talentos em outras áreas.
Nós, os Engenheiros Agrônomos, desafiamos as previsões do filósofo inglês e Professor de Economia, Thomas R. Malthus (1766 – 1835) que, no seu livro “Ensaio sobre a lei da população” publicado em 1789, tentava convencer, e conseguiu por muito tempo, que a produção de alimentos não conseguiria acompanhar o crescimento das populações. Por essa razão sugeriu medidas drásticas de controle da natalidade, sobretudo dos casais pobres que moravam nas colônias inglesas de então.
O que Malthus não conseguiu antever foi que o estado das artes na agricultura se aprimoraria com a entrada do Engenheiro Agrônomo, profissional que conseguiu dominar a ciência que revolucionou o mundo: Agronomia. Dos fundamentos iniciais da domesticação de animais e plantas, evoluímos para a engenharia mecânica e genética, para as sofisticadas avaliações meteorológicas, elaboração de modelos matemáticos capazes de antever com probabilidades, e erros conhecidos, eventos que se relacionam com a produção de matérias primas e alimentos. Não é pouca coisa.
Foi por causa da Agronomia, que o mundo experimentou a revolução cientifica do século passado. Os avanços nas Ciências Médicas, depois do surgimento das Ciências Agronômicas, permitiram a criação de procedimentos de controle de natalidade que diminuíram o denominador da equação catastrófica malthusiana. O numerador da equação, constituído da produção de alimentos em crescimento vertiginoso, e a queda do denominador, devido aos procedimentos de controle de natalidade que passaram por avanços na medicina e na educação dos casais, fizeram com que o mundo superasse, com folga, aquelas previsões.
E ainda sobrou espaço para a produção de matérias primas energéticas, sem que a de alimentos (o numerador da equação) seja sensivelmente modificado, relativamente ao seu denominador. A expectativa de vida dos seres humanos se elevou em todo o Planeta, sem dúvida, devido à boa alimentação propiciada pelos avanços na Agronomia. No setor de transportes a humanidade também avançou graças à descoberta dos pneus de borracha natural dos seringais, outrora exclusivamente nativos, agora cultivados em alta tecnologia desenvolvida por Cientistas Engenheiros Agrônomos.
É certo que neste momento há em torno de um bilhão de terráqueos que passam fome. Contudo, não se deve à escassez de alimentos, mas à sua má distribuição e, sobretudo, à especulação que é feita nos mercados internacionais com os estoques de alimentos, cujo objetivo é elevar os seus preços e enriquecer pessoas que, em muitos casos, jamais entraram numa área de cultivo.
Num país com população empobrecida como o Brasil, onde a taxa de urbanização se dá em níveis incompatíveis com a capacidade que as cidades têm de absorver os excedentes de migrantes, o desenvolvimento rural pontifica como a única saída para estancar esse processo desenfreado, cujo desfecho é a proliferação de submoradias, desempregados, subempregados, famintos, pedintes nas áreas urbanas.
Os Engenheiros Agrônomos já demonstraram competência para serem protagonistas nesta matéria: Promoção do Desenvolvimento Rural. Somos os únicos profissionais habilitados para orientar as famílias rurais na produção da segurança alimentar e na promoção de tecnologias capazes de gerarem ocupação e renda para que não emigrem em condições precárias das suas áreas.
Os Engenheiros Agrônomos sabem que não é possível a produção de alimentos e matérias primas sem que parte da cobertura vegetal original seja substituída. Quem pensar ser possível a produção agrícola sem modificar o ambiente desconhece a complexidade que é a criação de animais domésticos e o cultivo de lavouras. Os Engenheiros Agrônomos são treinados para produzir e orientar a produção vegetal e animal sem promover agressões ambientais. Isso faz parte do nosso amplo e diversificado portfólio de conhecimentos. Enganam-se os que pensarem diferente.
Neste 12 de outubro, véspera das enormes Procissões dos Círios de Nazaré em Belém e em São Luis, em que se comemora o dia da Padroeira do Brasil, o dia das crianças, esses seres para quem temos a responsabilidade de prover um porvir mais seguro, sobretudo em alimentação, comemoramos também o nosso Dia do Engenheiro Agrônomo. Profissional fundamental para o futuro da Humanidade. Parabéns para nós!
========================
*Texto para o dia 12/10/2019: Dia do Engenheiro Agrônomo.