José Lemos
Não deve ser motivo de comemoração ver alguém privado da liberdade, seguramente o nosso maior bem. É doloroso ver um ser humano ter que passar por isso.
Mas temos que admitir que a vida em sociedade democrática precisa de regras que sejam válidas para todos. Na natureza observamos que todos os demais seres ocupantes deste belo Planeta, que tratamos arrogantemente como “seres brutos”, não precisam de regras escritas. Elas existem naturalmente e todos as respeitam.
Nós humanos, arrogantemente autodefinidos como “seres superiores” agimos como estorvos nesse processo de equilíbrio da natureza, e nos engalfinhamos entre nós mesmos. Transgredimos, invadimos os espaços de outros seres humanos. Por isso precisamos de regras. E elas precisam ser escritas com clarividência cristalina, registradas em documentos. Ainda assim agredimos aos nossos pares, lhes provocamos danos materiais e físicos. Criamos atalhos para atingir objetivos de riqueza material e poder. Chegamos ao ápice de maltratar, e até matar, pessoas que dizemos amar, se vislumbrarmos nelas a possibilidade de atrapalhar alguns desses objetivos escusos.
Sendo assim, quem não cumpre regras, precisa ser punido. Lula não cumpriu um monte delas. Ao menos assim reconhecem três tribunais de forma unânime. A pior de todas, na minha avaliação, e que não foi motivo de julgamento em tribunais, foi trair a confiança de milhões de pessoas que acreditamos que aqueles discursos dos anos setenta, oitenta e noventa eram verdadeiros. Não eram. Nunca o foram. Triste!
Quando Deputado Federal, com participação pífia na formatação da Constituição de 1988, sua única ação de maior visibilidade foi denunciar que naquele parlamento havia 300 picaretas. Nunca os identificou. Hoje sabemos que ele era o maior de todos.
Eleito Presidente, tínhamos expectativas de que a partir daquele momento o tratamento da coisa pública seria diferente. Que os 300 picaretas e outros tantos do Parlamento não mais teriam vez. Que as figuras execráveis que conhecíamos e abominávamos desapareceriam do cenário politico. Eis que ele levou para perto de si bem mais do que 300 oportunistas da Câmara dos Deputados, outro tanto do Senado. Trouxe para perto de si, inclusive como conselheiros, figuras que ele mesmo chamava de adjetivos impublicáveis. Alguns até chamou de “incomuns”.
No dia 6 de abril deste ano a Ex-Presidente da Coreia do Sul, que havia sido deposta do cargo no ano passado envolvida em escândalos que são fichinhas diante daqueles que Lula é responsabilizado, foi condenada a 24 anos de prisão de liberdade e conduzida ao presídio humilhada, cabisbaixa, tendo apenas uma funcionária do Estado Coreano a lhe monitorar até a sua cela. Sem mais alardes.
A Prisão de Lula foi decretada. A sua pena foi definida de forma unânime em três instâncias. Mas o STF fez duas longas seções para tentar reverter aquelas decisões que a própria justiça lhe tinha imputado. Tivemos que aturar, constrangidos, longos discursos de Cinco Ministros fazendo contorcionismos verborrágicos para justificar o que para a maioria dos brasileiros de bem é injustificável. Aquelas duas seções também foram didáticas ao esgarçar para nós os Juízes que temos na nossa Suprema Corte.
A prisão de Lula foi decretada pelo Competente Juiz Sergio Moro para acontecer no último dia 7 de abril, corroborando com determinação do Tribunal Regional da Região Sul. Mas Sergio Moro teve o zelo (do meu ponto de vista excessivo) de estabelecer que ele, Lula, não teria qualquer constrangimento no ato do recolhimento. Uma senhora amaciada no ego desse senhor que agora tinha a confirmação de que até para ser preso não seria como um brasileiro qualquer. Ele é “incomum”.
Descumpriu solenemente, e nada lhe aconteceu, a data da prisão. A rede Globo deu plantão a cada meia hora, com a âncora do JN fazendo contorcionismo para explicar porque a prisão não acontecia como seria o natural. Lula exigiu um “showmício” em pleno templo religioso e sobre o cadáver da mulher que depois de morta passou a merecer as reverencias que não se via quando ela ainda vivia. Isso tudo com a cumplicidade de meia dúzia de reverendos que lhe lambem as botas e um séquito de fanáticos gritando palavras de ordem.
Finalmente a repórter do JN, em pleno ar, revela que Lula “decidiu” se entregar. De casaco, folgadão, apareceu sob holofotes, do jeito que gosta, como estrela de Hollywood. Um “popstar”. Não um Criminoso condenado que fez o que ele aprontou nos 15 anos em que influenciou direta, ou indiretamente, os destinos deste infelicitado País. Inclusive porque, tendo tantos lugares no planeta, ele nasceu logo no Brasil.
Não fosse essa prisão, jamais saberíamos que Suas, Vossas, Deles Excelências legisladoras anteviram que um dia poderiam ser pegas com a “boca na botija”. E se, e quando, isso acontecesse precisariam ter local diferenciado para ficar recolhidos: quarto com banheiro individual, e sanitário adequado (em vez daqueles buracos no piso em que os presos têm que “aprumar a pontaria”) e até aparelho de televisão de ultima geração para assistir aos jogos do time preferido. E, claro, assistir aos âncoras dos telejornais da Globo explicarem, em tom de pedido de desculpas, pelo fato de Lula está temporariamente privado da liberdade de sair pelai fazendo arruaças com os seus.
Brazil, Zil, Zil, Zil!!!!!!!!!!!!!!
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* Artigo para o dia 14/04/2018