Vanecilda de Sousa Barbosa.
RESUMO
Nesta pesquisa investigou-se a importância do capital humano para o aumento da produtividade do trabalho (relação entre PIB e população maior de 15 anos) no Brasil. Usouse como proxy de capital humano a interação entre varáveis relacionadas à educação e à saúde preventiva. Como indicador de educação tomou-se o percentual da população, que concluiu pelo menos o nível fundamental completo (nove anos de estudos). O índice de saneamento (ISAN), que consiste na média ponderada de acesso água encanada, saneamento e coleta sistemática de lixo, foi empregado como proxy de saúde preventiva. Utilizou-se a interação entre educação e ISAN para dimensionar o capital humano. A análise compreendeu o Brasil, regiões e estados, com desdobramentos para as áreas urbanas e rurais, entre 2004 e 2015. Os dados utilizados na pesquisa foram coletados juntos às PNAD. A metodologia empregada foi dividida em duas etapas. Para a construção do ISAN, foi utilizada análise fatorial com decomposição em componentes principais. Na segunda etapa foram utilizadas regressões para dados em painel, tendo em vista que as observações empregadas na pesquisa constavam de séries temporais (2004 a 2015) e cortes seccionais (27 estados brasileiros e o Distrito Federal). Em todas as análises da pesquisa, foram estimados modelos para o Brasil, regiões e estados. Os resultados encontrados permitiram concluir que, de maneira geral, há desníveis educacionais e de saúde preventiva aferida pelo ISAN entre as regiões e os estados brasileiros. As Regiões Norte e Nordeste apresentaram os piores indicadores. Sudeste, Sul e CentroOeste, por sua vez, apresentaram os melhores resultados nesses indicadores. Outra evidência encontrada no trabalho foi a relação positiva, e estatisticamente significativa, entre a proxy de capital humano, tal como definido no estudo, com a produtividade do trabalho, tanto para Brasil, como nos desdobramentos para as suas áreas urbanas e rurais. Quanto à análise por regiões, também se confirmou a relação positiva, tanto para as áreas totais, quanto para o meio urbano. Contudo, foi observado que, no meio rural, a elasticidade que mede o impacto da interação educação-saúde não se mostrou estatisticamente significante. A conclusão da pesquisa é que, no geral, as maiores produtividades do trabalho acontecem nas áreas onde são encontrados os melhores indicadores de saúde e educação.
Palavras-chave: Capital humano. Produtividade do trabalho. Desigualdades regionais.