José Lemos
Nunca duas administrações, no âmbito federal e estadual, foram tão parecidas, como essas do Maranhão e do Brasil. Por coincidência, a coalizão partidária que suporta os dois governos é a mesma. Também são idênticas entre essas duas senhoras as dificuldades de formar raciocínio lógico e concatenar idéias. Com a diferença que a gerentona tem um sotaque mineiro piorado, daqueles falados nos botecos depois de muitas “lapadas de pinga”.
A coincidência das “capacidades” de ambas as fizeram realizar o que parecia impossível. Mas como no Brasil e no Maranhão, o que é ruim sempre pode piorar, não temos muito a estranhar. Os resultados pífios eram previsíveis. Conquistas de votos, em que o poder político, a pressão econômica, e a propaganda enganosa com o nosso dinheiro, lá e cá, fizeram-se prevalecer. Brasil e Maranhão retroagem na evolução da riqueza. O Maranhão agora detém o pior PIB per capita do Brasil. Foi impiedosamente ultrapassado pelo Piauí que, até o ano de 2009, detinha este “troféu” indesejável. O Brasil tem a sua produção praticamente estagnada, haja vista que as previsões de crescimento da riqueza agregada para este ano não devem ser muito diferentes do “pibinho” de 2012. A taxa de desemprego no Brasil é relativamente baixa, por causa da avalanche de empregos públicos sem concurso. Cabos eleitorais, a maioria sem qualificação para qualquer função. Estão no serviço público como gafanhotos. Como resultado os níveis de produtividade da força de trabalho é baixa e, em conseqüência, a renda continua baixa, agora corroída pela inflação que recrudesce a olhos vistos. Mas a propaganda oficial mostra um País surreal. Aquele que trocou o tanque de lavar roupas com as mãos pelo elétrico. Endividando as pessoas? Isso não importa. Os telejornais estão ai para mostrar donas de casas felizes com a geringonça que pagarão junto com outras, com outras, com outras… Indefinidamente!
Contudo, a catástrofe maior no, Brasil e no Maranhão, foi na educação. Não obstante o contorcionismo feito pelo principal telejornal do Brasil na última sexta-feira para mostrar o contrário, a quantidade da população analfabeta maior de quinze anos, pasmem, se elevou entre as contagens das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2011 e de 2012. Olha só o que o Governo da “Presidenta” conseguiu. Em 2011, a população de analfabetos maiores de quinze (15) anos do Brasil somava 12.865.551 infelizes dotados de almas que, com quase certeza absoluta, votaram nela, pois devem fazer parte do grupo que o atual governo diz proteger com a Bolsa Família. Pois bem, a esses desafortunados de 2011, podem acreditar, agregaram-se mais 297.432 analfabetos, elevando o total para 13.162.983, que também devem ter votado nela em 2010 e, pelo andar da carruagem, devem continuar cativos em 2014. Uma tragédia! Não tem outra definição.
Os analfabetos funcionais, ou aquela população maior de dez anos que tem no máximo quatro (4) anos de escolaridade (outro grupo cativo de eleitores dessa gente) soma a incrível marca de 58.604.400, ou 41,3% da população desta faixa etária. O desastre não para aí. A escolaridade média que vinha se arrastando em passos de cágado, mas crescendo, tendo atingido 8,9 anos em 2011, deu um passo de caranguejo (que me perdoe esse simpático crustáceo, que nós humanos destruímos de forma voraz), caindo para 8.2 anos. O Governo, que conseguiu impor na sociedade brasileira a lógica de que pobres e negros para entrarem nas universidades precisam de tratamento diferenciado para baixo (eu que sou de origem humilde e com ascendência negra me recuso a admitir isso) não consegue, ao menos manter um ritmo, ainda que lento, mas de avanço, num item fundamental para o desenvolvimento de um país. Como podemos pensar noutro Brasil com indicadores de educação como estes? E o nosso Maranhão? Ora nosso estado conseguiu superar-se, mais uma vez em retrocesso. A nossa taxa de analfabetismo que, em 2001 era de 22,8%, a partir de 2002 entrou em regressão, lenta para o meu gosto, mas sustentada até 2008, ultimo ano de um governo de oposição, em que os analfabetos maranhenses representavam 17,6% da população maior de quinze anos. Em 2009 houve o golpe jurídico que apeou o governador legitimamente eleito. Mas ao golpe jurídico acoplou-se o golpe maior sobre a população maranhense. Além do PIB per capita despencar, como falado acima, a taxa de analfabetismo dos maranhenses, maiores de quinze anos, saltou para 20,8% em 2012. Temos 988.931 maranhenses analfabetos. Noticia ruim sempre vem acompanhada. O total de sobreviventes em domicílios cuja renda total domiciliar varia de zero a dois salários mínimos (os vulneráveis à renda) que em 2008 somavam 55% do total, em 2012 saltaram para 61,2%. Desta informação depreende-se que maranhenses “migraram”, forçadamente, de estratos de rendas mais elevados para os mais baixos. Não é por acaso que o Maranhão tem, em termos relativos, o maior contingente de população beneficiada com os programas de transferência de renda do Governo Federal. Também não deve ser debitado na conta do acaso o fato de está no Maranhão o maior contingente relativo de eleitores dessa gente. Pelo andar da carruagem, não será diferente em 2014, porque a oposição oficial do Brasil está deitada solenemente em berço esplêndido. Ela, a oposição, parece também não ter nada com isso. Uma lástima! E as manifestações que nos deram um alento em junho, pararam.
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*Artigo publicado em 5-10-2013