José Lemos
Neste cinco (5) de junho consagra-se como o Dia Mundial do Meio Ambiente. Uma data para refletir sobre o comportamento humano, em relação aos demais seres vivos, e aos outros recursos naturais. Somos os maiores predadores do planeta. O pior é que fazemos isso na busca do lucro fácil, rápido, sem riscos. Agimos assim para satisfazer prazeres doentios, como o são, por exemplo, nos divertir com esportes violentos, como touradas, farra do boi, rinha de galo, rodeio. Cultivamos o prazer de prender pássaros em gaiolas, para vê-los e ouvi-los cantando de tristeza. Maltratamos animais domésticos ou silvestres com um grande prazer sádico.
Recentemente, uma noticia chamou atenção. A ex atriz de cinema, Brigitte Bardot, de fortíssimo apelo sexual na sua época, tendo sido musa de gerações, e inspiração até para música de carnaval no Brasil, resolveu dar outro encaminhamento para o outono da sua vida. Hoje se dedica à nobreza de defender os animais.
Em carta recente à Presidente do Brasil, Brigitte fez um apelo para que houvesse interferência do Governo Brasileiro para evitar a matança de jumentos, e evitar a sua exportação para a China, onde são sumariamente eliminados. Atualmente o Brasil exporta algo como trezentos mil desses animais, por ano, para aquele país. O jegue tem uma simbologia e uma importância cultural para o Nordeste brasileiro. Figura presente na nossa paisagem. Amigo fiel dos seus donos. Animal que tem força e rusticidade reconhecidas. Dá pena vê-lo abandonado, maltratado, sendo mais uma vitima da nossa sanha de crueldade. Precisamos apelar para todos e dar um basta na matança de jumentos. Há formas mais nobres de incrementar a nossa balança comercial.
Este ano de 2012 está repleto de ações voltadas para a reflexão sobre o nosso comportamento diante dos recursos naturais renováveis ou não. Agora em junho teremos a Rio mais Vinte (Rio+20) que reunirá autoridades do mundo inteiro, mas também pesquisadores, movimentos sociais, público em geral, em torno de um único tema: a sustentabilidade da vida na nossa nave comum, a terra.
Também neste ano de 2012, finalmente o Brasil atualizou o seu código florestal, que já estava defasado. Discussões polêmicas, conflitos de interesses, alguns nobres, outros nem tanto, foram a tônica de um tema tão controverso. Finalmente foi produzido um documento que estava equiprovável das diferentes correntes de opiniões e de visão de mundo que se debruçaram sobre a confecção do documento.
Uma das definições que mais causaram polêmica foi a recuperação das matas ciliares dos aquíferos de superfície. Importante tema, na medida em que a sua depredação terá impactos importantes na preservação, ou no desaparecimento desses mananciais que são vitais para o nosso planeta.
Os maranhenses sabem o que significa maltratar rios. O Rio Mearim, por exemplo, no período de estiagem, a sua coluna d’água reduz-se a insignificâncias no seu percurso. No entanto, em períodos de chuvas, experimenta cheias, que avançam sobre residências que foram construídas, indevidamente, sobre as suas margens. Mas o foram porque as famílias não dispunham de locais mais adequados, sem que as autoridades maranhenses tomem atitudes estruturantes que resolvam o problema em definitivo.
O Itapecuru, é outro rio que experimenta assoreamento, alargamento das margens, redução da coluna d’água, como decorrência dos desatinos que são cometidos ao longo do seu curso. As águas desse rio é que ainda chegam nas torneiras da maioria dos lares que tem acesso à água encanada na capital do estado.
Antecipando-se às discussões agora em curso, no dia cinco de junho de 2006, o então Governador José Reinaldo deu inicio a um importante projeto piloto-experimental que previa, inicialmente, a recuperação da mata ciliar do Rio Itapecuru, num pequeno trecho entre Codó e Timbiras. O projeto inicial previa recuperar seis (6) hectares nas duas margens do rio. Aquele era um sonho antigo das comunidades ribeirinhas, tanto que se envolveram e se apropriaram do projeto. Por isso, em vez de seis hectares, ao final do Governo, haviam sido plantados doze hectares de espécies nativas nas duas margens. Tudo isso sem que houvesse aditivos.
Para surpresa nossa, o projeto não teve continuidade. O Maranhão perdeu uma grande oportunidade de mostrar na Rio+20 um importante resultado ambiental. Seria uma forma de o estado sair das manchetes da grande imprensa nacional como vetor de noticias ruins, mostrando um trabalho inovador que lhe traria dividendos. O projeto não era do governador, mas das comunidades ribeirinhas, e assim poderia ser apresentado por representantes do atual Governo e daquelas comunidades, agora com fotografias de uma área bem mais extensa já recuperada. Lastimável que isto não seja possível!
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*Artigo publicado em 02/06/2012.