Miguel Roeder *
Agrotóxicos são substancias destinadas a controlar populações de seres indesejáveis nas explorações agropastoris, tais como insetos, fungos, bactérias, principalmente. Não é difícil compreender que ao se implantar cultura agrícola ou criação numa área, simultaneamente está sendo oferecida aos organismos ali existentes elevada quantidade de alimentos.
À abundancia alimentar segue-se a proliferação, que causa prejuízos. Alguns haverão de se lembrar da época em que era disseminada a expressão “ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil”. O controle destas formigas é apenas um dos bons resultados da utilização dos defensivos agrícolas. As laboriosas atividades de cientistas e técnicos conduziram ao desenvolvimento de diferentes produtos capazes de controlar eficazmente essas populações indesejáveis sem causar danos sensíveis ao meio ambiente, sendo ainda inofensivos aos trabalhadores rurais e consumidores dos produtos finais, desde que respeitadas regras bem definidas.
Algumas delas estão relacionadas com prazo de carência, dosagem e freqüência de aplicação. Lamentável e perigosa é a má utilização desses produtos. Aliás, os medicamentos destinados a curar e controlar doenças humanas, também tem gerado inúmeros problemas por má-utilização. Substancias contendo ingredientes ativos tóxicos aos humanos são livremente vendidos por pessoas despreparadas para compradores igualmente pouco informados, os quais os utilizam sem observância aos preceitos técnicos mais elementares. Cometem-se muitos erros grosseiros, alguns conduzindo a situações de dor e indignação.
Assim, plantios que necessitam aguardar certo prazo de carência para a execução da colheita, têm seus produtos enviados ao mercado consumidor no mesmo dia da aplicação do defensivo, ou agrotóxico, como alguns preferem. Este exemplo ilustra bem que o problema principal dessas substancias está na sua utilização. Tecnicamente, são produtos seguros e indispensáveis ao aumento da produção de alimentos com qualidade cada vez melhor. Mas é absolutamente indispensável o uso correto. Paradoxalmente, o grande papel que pode e deve ser desempenhado pelo Engenheiro Agrônomo, ainda está em segundo plano neste país que gera tanta riqueza no seu segmento agrário.
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*Miguel Roeder é Professor e Engenheiro Agronomo
04/11/2009.