José Lemos
Em geral os governantes costumam buscar informações e a utilizam da forma que lhes são convenientes. Muitas vezes essas informações nem são assim tão relevantes, no sentido de resolver os reais problemas dos governados. Em geral apenas divulgam as informações que sugiram que “tudo está dando certo na sua gestão”.
Colocam em torno de si assessores de confiança que, dentre outras funções, filtram as informações publicadas pela imprensa e repassam-lhes apenas aquelas que julgam ser “interessantes”. As informações “negativas” são deixadas, convenientemente, de lado. Não podem assumir notoriedade.
Recebendo informações de que as coisas andam as mil maravilhas os Governantes se sentem o máximo. Isso vale para Prefeitos, Governadores e Presidentes da República. Mas vale também para aqueles que detém os cargos de segundo escalão, quando estão ali apenas pela vertente politica e não dominam bem os meandros de uma ciência chamada “Estatística”.
A Ciência Estatística trata do correto tratamento e interpretação de informações que são geradas de diferentes formas em uma sociedade. Para fazer isso precisamos mergulhar fundo nos seus postulados. Isso requer treinamentos aprofundados na área em que a queremos utilizar e uma formação matemática sólida. Sob pena de sairmos substituindo a interpretação de fatos científicos pelo “Achismo”. Os Assessores passam para os seus chefes o que “acham” que o Patrão gostaria de ouvir sobre determinado evento envolvendo a sua administração.
O governo atual do Maranhão se regozija de uma pesquisa nacional que o teria colocado em primeiro lugar entre os Governos de todos os estados, porque seria aquele que, proporcionalmente, havia cumprido mais das promessas de campanha. O percentual chegaria a 96%. Pronto, estava dada a s senha de que o Maranhão havia finalmente deslanchado. Ora, se o Governo cumpriu quase todas as promessas, então isso aqui é o Paraíso. Mas ninguém da Assessoria do Governador foi atrás de buscar quais foram as promessas que estavam nas 96% cumpridas e quais as que estão naquelas que compõem os 4% ainda não cumpridos.
A Revista Exame divulgou, praticamente junto com essa pesquisa utilizada com alarde no nosso estado pelo governante e seus apoiadores, um trabalho que foi feito pela consultoria Marcoplan que criou o Índice dos Desafios da Gestão Estadual (IDGE).
O IDGE é constituído de 28 indicadores que aferem condições de saúde, educação, renda, saneamento, infraestrutura, PIB, desenvolvimento econômico e social. Varia entre zero e um. Mais próximo de zero, pior a situação do Estado. Mais próximo de um, melhor a situação do estado. Leitores interessados encontrarão o trabalho no link: https://exame.abril.com.br/brasil/os-estados-com-a-melhor-e-a-pior-condicao-de-vida-no-brasil/
Segundo a Exame, ancorada nos resultados da Marcoplan para o ano de 2016, dezessete (17) estados brasileiros apresentaram bons resultados, com base no IDGE. São Paulo apresentou o melhor de todos (0,846). Sabem qual foi o estado que apresentou o menor IDGE? Infelizmente foi o Maranhão, com magnitude de 0,432.
A Consultoria da Marcoplan faz uma retrospectiva dos resultados entre 2005 a 2015, e mostra que o nosso estado foi o que apresentou o pior desempenho no período.
Ao final do semestre passado uma Estudante minha fez um trabalho de conclusão de curso sob minha orientação que, entre outros temas, mostrou a evolução do PIB per capita dos estados brasileiros entre 2005 e 2015. Em 2015 o Maranhão estava na penúltima posição neste indicador. Posição que foi assumida pelo Piauí que assim permaneceu até 2013. A partir dai o Maranhão retomou aquela posição incômoda. Em 2015 o PIB per capita anual do Maranhão foi de R$12.765,31 e o do Piauí foi de R$13.722,48.
Estimamos as taxas geométricas de crescimento (TGC) do PIB per capita entre 2005 e 2015 dos quatro estados que detém os menores valores anuais, pela ordem: Maranhão, Piauí, Paraíba e Alagoas. A TGC do Maranhão foi a menor dos quatro estados (4,7% ao ano); Piauí (5,5% ao ano); Paraíba (5,6% ao ano) Alagoas (6,4% ao ano). Resultados que sinalizam que o Maranhão continuará na “lanterna” desse indicador nos próximos anos.
Com base nos dados da PNAD constatamos que o Maranhão detém a maior taxa de população analfabeta maior de 15 anos (18,9%). A escolaridade média dos maranhenses é a menor do Brasil (6,5 anos) e o percentual de população maior de dez anos que completou no máximo o nível fundamental é o maior do Brasil, 64%.
Talvez fosse o caso das preocupações se centrarem nas 4% de promessas ainda não cumpridas. Como o mandato encerra-se em menos de cinco meses…
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Texto para o dia 04/07/2018.