José Lemos
O Brasil experimentou 15 anos de Governos que se diziam de “esquerda”, capitaneados pelo Partido dos Trabalhadores. Partido que surgiu em 1980 e que criticava todos os políticos não alinhados a eles. Na época muita gente comungou daquele pensamento. Estávamos nos estertores de um regime militar que, devido ao desgaste de longos vinte anos de poder, e uma inflação de 100% ao ano, se tornaram em justificavas para que não mais continuassem no poder.
Os debates de então, levaram ao movimento de 1984 pedindo eleições diretas para presidente. Era “progressista” falar mal dos militares. E hoje querem fazer crer que aqueles que partiram para a luta armada contra os militares eram democratas. Não eram. Nunca o foram. A proposta deles era outra. A negação da Democracia. Essa proposta recrudesceu de forma agressiva com os governos petistas nesses 15 anos. Com a devida aquiescência de uma grande mídia devidamente aliciada por grandes repasses de recursos públicos, e por “artistas” e “intelectuais” que gostam das benesses dos Governos para lhes viabilizar verbas públicas que lhes proporcionam belas moradias em locais paradisíacos e usufruírem das maravilhas que o capitalismo viabiliza, e que, hipocritamente dizem renegar. O sistema, claro, não as suas benesses.
Entre os “progressistas” que governaram com o PT nos últimos 15 anos estão figuras como Renan Calheiros, Romero Jucá, Eunício de Oliveira, Michel Temer, Jader Barbalho, Edson Lobão, Eduardo Cunha, Romeu Padilha, os Sarney’s, José Alencar, Collor, Paulo Maluf, que abençoou, a pedido, o então candidato Haddad do PT à Prefeitura de São Paulo, onde se tornaria no pior prefeito daquela capital.
Citei apenas os “esquerdistas” mais “ilustres”, aqueles que, de alguma forma, sempre foram hostilizados pela militância do PT. Militância da qual eu fiz parte ativamente até o ano de 2002 quando joguei a toalha. Hoje me penitencio por ter cometido aqueles equívocos e de ter contribuído para que essa gente chegasse ao poder.
Eu, e os da minha geração, tivemos toda a formação em escolas públicas, justamente na época em que os militares governavam o País. Seguimos as nossas carreiras nos cursos que desejávamos e que tínhamos competência para entrar, independente da cor da pele ou da origem familiar. Quem quis, fez cursos de Mestrado e de Doutorado no Brasil ou no Exterior. Eu concluí o meu Doutorado em 1983. Desta forma, toda a minha carreira de estudante foi construída sob os governos militares.
Portanto, eu sou testemunha de boa parte daquela fase da história brasileira. Posso afirmar que quem queria estudar, se tornar bom profissional, encontrava guarida em boas escolas. Aqueles que queriam agitar, no geral, eram os que não gostavam de estudar (Dilma Roussef é o exemplo acabado da “inteligência” dos agitadores), tiveram dificuldades. Desafiaram o regime. Deviam saber dos riscos que corriam.
Os que estudaram com afinco, construíram boas carreiras, e se tornaram bons profissionais. Somos Professores, Cientistas, Pesquisadores, Poetas, Escritores, Funcionários públicos, Autônomos… Alguns partiram antes do combinado. O foram por causas que nada tiveram com o seu comportamento político daquele período. Aqueles que estão vivos, muitos continuam trabalhando e vivendo dos salários (meu caso), ou dos seus negócios. Muitos se aposentaram, porque contribuíram e tiveram tempo legal para tanto.
Diferentemente dos “idealistas” que agitaram naquela época. Ora, se lutaram como diziam, por um ideal, é contrassenso buscar remuneração pelo que fizeram. Mas bom senso não faz parte do repertório dessa gente, o que coloca em xeque o tal “idealismo” de então. Os sobreviventes receberam indenizações nababescas, pelos seus “ideais democráticos”. Todos têm “aposentadorias” que afrontam quem trabalhou parte da vida com honestidade, e que não participou daquele “idealismo”.
Em quinze anos de poder, os governos petistas não fizeram qualquer coisa diferente. Apropriaram-se da infraestrutura deixada pelos Governos Militares, que sempre execraram, e dos projetos anteriores do Governo Itamar Franco (Plano Real) e os dos Governos Tucanos, que hostilizaram o quanto puderam. Fizeram do Programa Bolsa Família, criado no Governo FHC, e duramente criticado pelo partido, o instrumento para comprar votos dos beneficiados. Sempre que estão em dificuldades eleitorais, espalham para os pobres “bolsistas” que se os adversários ganharem lhes cortará o beneficio.
Claro que tudo isso viria à tona. Independentemente de matiz ideológica, o que buscamos é decência, verdades. O que acontece no Brasil é uma revolta generalizada da maioria que trabalha com honradez, que se libertou, ou que jamais se contagiou com o falso discurso deles, paga uma elevada carga tributária e vêem esses impostos bancando farras, aglomerações fantasiadas de vermelho em dias de trabalho e propinas. Muitas propinas! Promovem agressões em valores importantes para a grande maioria dos brasileiros, como a família e a religiosidade. Pior de tudo: erotizam as nossas crianças.
Este movimento que envolve mais de 60% dos brasileiros, sobretudo através das redes sociais, manifesta claramente uma vontade de mudanças. Não quer mais no poder o grupo que mente. Que fez o País mergulhar na sua maior crise econômica, social, politica e de costumes. Todos que se posicionam contra isso, eles chamam de fascistas, quando fascismo é o que representam. Quem não os apoia são também direitistas. Boa parte dos que militam na causa atual de desbancar essa gente, assume que é. Mas todos têm um sentimento comum: Dizer um basta ao que representam. E, finalmente, tomar conta dos nossos destinos. Longe deles.
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*Artigo publicado no Jornal Pequeno do dia 21/10/2018.